terça-feira, 5 de março de 2013

Olá, eu sou o Migas. Posso ser o teu dono?

O Migas é um gato muito comum, com o pêlo cinzento tigrado e uns lindos olhos cor de azeitona. Quem o vê pela primeira vez não faz ideia da sua história, nem como foi morar para Benfica, onde vive com o João e a Lipa.

Mas nem o Migas se lembra bem da sua história. Só sabe que fazia muito calor quando, de repente, se viu sozinho, longe da mãe e dos irmãos, à beira de um sítio barulhento. Assustado, o pequeno Migas tremia de tanto medo ao ver aquelas coisas grandes, de cores e formas diferentes, que passavam por ele a todo o gás. Era um gatinho abandonado e a estrada de que se aproximava com pequenos passos trémulos podia ser fatal. Mas o Migas não sabia.

O destino quis que, nesse dia, uns amigos da madrinha do Migas passassem por aqueles lados, vissem o pequenino, o embrulhassem num cobertor e o levassem para um lugar seguro. O Migas tinha uma estrelinha da sorte. Foi assim que ele conheceu a Cris, que o recebeu de braços abertos, deixando-o trepá-la dos pés até à cabeça.

A casa da madrinha Cris foi o seu primeiro lar e, que aventura, dormir num sítio novo com tantos cantos para explorar. Na primeira noite, escondeu-se entre uns livros numa prateleira da cozinha. Não era muito confortável, mas era escuro e protegido. Para o pequeno Migas era tudo o que interessava.

A madrinha do Migas deu-lhe água e comida. Primeiro, receio. Por instinto, um gatinho sabe que não se pode aceitar comida que estranhos nos dão, assim sem mais nem menos. Mas a Cris não era uma estranha qualquer. Era a sua madrinha, abriu-lhe a porta da sua casa e deu-lhe muito miminho.

Depois de um segundo de hesitação, o Migas aproximou-se do pratinho da comida, cheirou tudo e decidiu provar. Só um bocadinho. Mais outro. E outro. A fome era tanta que rapidamente ficou cheio. Porque o estômago de um gatinho é muito pequenino, do tamanho de uma noz.

Que dia cheio de emoções! Com a barriguinha cheia e depois de experimentar a sua nova casa de banho, o Migas já só queria dormir. Entre os livros de receitas da Cris, aninhou-se numa pequena bolinha de pêlo e deixou-se ficar até ao dia seguinte, pronto para a sua história começar.